Por que fazer compras gera tanto prazer? A ciência responde

Por que fazer compras gera tanto prazer? A ciência responde

A terapeuta comportamental Elisa Ponte listou os benefícios da “terapia das compras”

Ninguém tem dúvida de que fazer compras é uma experiência prazerosa. Para a maioria das pessoas, a aquisição de produtos está associada a uma sensação de satisfação. No entanto, até recentemente, não existia uma explicação científica que esclarecesse esse fenômeno.
Então, o que se passa em nosso cérebro enquanto realizamos compras? Confira o que as investigações já revelaram a respeito disso.

Os norte-americanos já inventaram um termo para designar essa satisfação: seria a “terapia de compras”, que se refere à agradável sensação que nos impulsiona a adquirir algo para nos sentirmos melhor ou para celebrar uma conquista. Isso acontece porque comprar estimula a liberação de dopamina no cérebro, o neurotransmissor associado à alegria e ao contentamento.

52% dos americanos afirmam que vão às compras para melhorar seu estado de espírito. Curiosamente, alguns psicólogos acreditam que gastar dinheiro pode ser uma forma eficaz de relaxar, com benefícios até terapêuticos.

Uma pesquisa realizada na Universidade Northwestern revelou que, após experiências estressantes ou embaraçosas, os consumidores tendem a gastar mais. Além disso, o estudo mostrou que as pessoas também tendem a consumir quando percebem que uma situação negativa está prestes a acontecer.


A terapeuta comportamental e escritora Elisa Ponte afirma que a palavra “terapia” para se referir ao prazer ligado aos hábitos de compra é inadequada, mas aponta cinco benefícios das compras- desde que feitas com moderação.

1. ajuda na transição
As compras podem agir como uma preparação mental para uma nova fase – como renovar o guarda-roupa após o fim de um relacionamento ou comprar uma bicicleta que vai lhe dar estímulo para se exercitar mais. Ou, claro, comprar o enxoval do bebê que está chegando.

2. vestir-se para um novo papel
Comprar roupas quando você vai mudar de emprego pode parecer um gasto antecipado de um salário que ainda não chegou. Mas também pode ser visto como um investimento para um avanço ainda maior. Afinal, estudos de psicologia indicam que vestir-se adequadamente traz mais confiança a uma pessoa – e ainda a ajuda a ser mais bem-vista pelos colegas, o que pode contribuir para um melhor desempenho.

3. um auxílio à criatividade

Para algumas pessoas, os itens consumidos são esteticamente atraentes. Às vezes, uma compra é um meio de observar, reconhecer, até aprender com a criatividade posta em prática na manufatura do objeto.

4. uma pausa para relaxar
Dar pequenas escapadas, no próprio computador, para pesquisar compras, pode equivaler a “miniférias mentais”, diz Kit. É uma atividade relaxante, que ajuda inclusive a descansar o cérebro do problema que esteja sendo tratado no momento, para voltar a ele com algum insight.

5. conexão social
Fazer compras é uma forma de conectar-se com a vida da cidade. Desde tempos imemoriais o comércio une as pessoas. Em viagens, é uma forma de entender os locais. As compras também funcionam como exercício de negociação, avaliação, percepção.

Além disso, muita gente forma grupos com base em seus gostos – suas preferências por marcas ou produtos.

Apesar de todos esses benefícios, comprar pode se tornar um vício. Segundo Elisa, se você perceber que está fazendo compras escondido, sente culpa por ir às lojas ou sente uma vontade incontrolável de gastar, é sinal de que está precisando de um tratamento anticonsumismo.


Limite entre a terapia da compra e a compulsão

De acordo com a terapeuta comportamental, claramente, o problema é a medida: se você não consegue evitar fazer compras que resultam em dívidas, é evidente que o hábito se transformará em uma grande fonte de angústia.

Elisa Ponte listou algumas questões para que você possa identificar se está comprando por prazer ou passando do limite.

Quem está no controle na hora da compra?

Nós sabemos que muitos fatores interferem na hora em que fazemos compras. O marketing, aliás, é especialista em nos estimular a gastar. Com isso, é importante ter clareza sobre as decisões de compra que se está tomando e assegurar que os fatores externos (por exemplo, as vitrines, a música e o cheiro da loja, etc.) não estão interferindo mais do que o necessário.


Preocupação e dificuldade em resistir a uma compra de algo que não precisa

A aquisição de produtos provoca algum nível de apreensão em você. Por exemplo, ao se deparar com uma oferta, você pode passar um bom tempo angustiado, questionando se deixou passar uma oportunidade valiosa.

O tempo excessivo dedicado à pesquisa de itens

Se você investe uma quantidade significativa de tempo analisando os produtos que deseja adquirir, e isso se tornou um dos seus passatempos preferidos — ocupando momentos que poderiam ser utilizados em outras atividades — isso pode ser um indicativo de alerta.


Problemas financeiros devido ao descontrole

Por último, o que deveria ser evidente: se você gasta em compras desnecessárias mais do que consegue arcar, há um problema claro. Se você percebe que não consegue interromper esse comportamento, é hora de buscar apoio.

Da redação

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