O inverno se aproxima: como fica o nosso coração?
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Por: Dr. Leonardo Quicoli, médico cardiologista
Mesmo em condições climáticas de baixas ou altas temperaturas, nosso corpo é capaz de autorregular-se. No Inverno, as temperaturas mais baixas podem predispor a redução da temperatura corpórea, a hipotermia, sobretudo quando as pessoas não se agasalham adequadamente e não se alimentam suficientemente. Neste contexto, pessoas desnutridas ou com transtornos alimentares estão muito suscetíveis à hipotermia corporal.
A saúde cardiovascular pode ser comprometida, uma vez que a hipotermia, fisiologicamente, promove redução do fluxo sanguíneo e da oxigenação para todos os órgãos. As reações químicas tornam-se mais lentas, o metabolismo cai e, dependendo do órgão, algumas complicações podem levar à morte. Em dias frios, há um maior risco de infarto agudo do miocárdio e derrame cerebral.
Em temperaturas mais frias, abaixo de 14°C, acredita-se que tenhamos um aumento do número de infarto agudo do miocárdio (entre 13 a 30%, segundo Instituto Nacional de Cardiologia, o INC). Isso se deve a uma resposta do organismo a manutenção de nossa temperatura corporal, com consequente liberação de hormônios (da família da adrenalina), levando a diminuição do calibre dos vasos de sangue. No coração, esta redução de fluxo compromete a vitalidade do miocárdio e causa o infarto. Da mesma forma, os vasos sanguíneos do cérebro se contraem, a irrigação cerebral fica insuficiente, resultando no derrame ou acidente vascular cerebral.
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Pacientes com alterações cardiovasculares, como hipertensão arterial, arritmias cardíacas, diabetes, dislipidemias, quando expostas ao frio, tem seu risco cardiovascular agravado. Esta consideração é importante, pois uma das orientações preventivas para uma pessoa cardiopata é evitar exposição ao frio excessivo. Muitas vezes trata-se de uma viagem de lazer nos meses de Inverno que, ao invés de ser um período de descontração e descanso, torna-se um período conturbado com aparecimento de sintomas cardiovasculares, como dor no peito, palpitações e picos de pressão arterial.
Como medidas preventivas nos meses de Inverno incluem o uso de aquecedores, lareiras, cobertores durante a madrugada, consumo mais frequente de bebidas quentes como chás, além de manutenção de um ritmo alimentar consistente. Não é interessante que as pessoas cardiopatas façam períodos prolongados de jejum ou não mantenham regularmente as três refeições diárias.