Com uma força cada vez maior no YouTube, as séries independentes estão se tornando uma grande febre entre os internautas, e o mais recente lançamento desse mercado é “Magenta”. Produzida pela Linha Produções, a história gira em torno de um triângulo amoroso que cerca Nina, Manuela e Raphaela. Depois de seis anos de relacionamento, Nina e Manu são surpreendidas por uma pessoa que coloca suas vidas de cabeça para baixo.
Em entrevista, a protagonista Rebeca Figueredo abre um pouco mais sobre os bastidores e realça a importância da temática LGBT na produção cultural. O elenco também conta com Giul Abreu, que ficou conhecida por protagonizar a série “Além de Alice” da mesma produtora.
Quando surgiu a oportunidade de integrarem o elenco de “Magenta”?
Durante as gravações da segunda temporada de Além de Alice. Eu tava no quarto da Maria Clara (sócia da Linha Produções) e a Thaiane me contou que tinha uma série nova. A princípio seriam duas personagens, mas ela tava querendo escrever outra personagem. Pra mim – fico metida mesmo. Magenta era o nome da série. E desde então sempre que tocávamos no assunto eu dizia: “não sei quem vai estar, eu sei que eu”.
A série aborda a história de três amigas com uma temática LGBT. Qual é a importância de abordar essa tema na produção cultural?
Eu tenho pra mim que a nossa razão de ser é política. Existir em sociedade, por si só, é política. A gente pode demorar a entender isso ou passar uma vida sem entender – porque esse entendimento é um lugar de extremo privilégio. Mas depois que você entendeu, meu amigo, é um caminho sem volta. E quando eu falo política não é essa que passa na propaganda. Eu to falando de ações cotidianas mesmo. Pra mim, é tudo política e a gente, enquanto sociedade, banalizou a palavra ao longo dos tempos. Onde eu quero chegar? Pra mim, se a nossa existência já é política, é inimaginável uma arte que não tenha esse cunho. Sem ou com panfletarismo, cada um no que lhe cobra a alma. A temática LGBT, em um canal do YouTube com mais de 64 mil inscritos é uma puta representatividade. Eles, nós, precisamos, mais do que nunca, sermos vistos. Quem não é visto, não é lembrado. E, mais do que isso, precisamos nos reconhecer, precisamos estar em paz com quem somos e reconhecer nossos pares. Se você nunca vê na TV um casal lésbico, você que é diferente. Não! Vem cá que a gente vai te mostrar que você é único, mas tem “os seus”. A gente vai te mostrar o que os grandes querem que fique dentro de armários bem fechados.
Ainda no início da série, como está sendo interpretar a Manuela, Raphaela e Nina?
A Raphaela é um grande desafio. Ao mesmo tempo em que ela tem muito de mim, ela tem muito de algo que é alheio a mim. Eu acho que a gente se parece muito na forma de pensar, mas o agir, o externo, é muito diferente. E aí que mora o x da questão. Por isso, ela é um grande presente também.
Quais são as expectativas de vocês para a série daqui pra frente?
Ahhhhhhhh!!! Do fundo do coração? Meu sonho de princesa? Eu queria que elas casassem as três e fossem viajar juntas pelo mundo. MAS… eu sei que é web-serie, precisa de conflito, precisa de dinheiro pra gravar viajando, precisa de uma porrada de coisas. Então eu simplesmente optei por não criar expectativas. Quero ser surpreendida quando receber o roteiro da segunda temporada e me deliciar na construção dessa nova fase da Raphaela. Ps: eu menti e tenho expectativa de aparecer em todos os fuckings episódios. Fica a dica, produção.
Como está sendo fazer magenta?
Tem sido incrível, um trabalho super importante… principalmente porque a Raphaela é uma personagem muito peculiar, difícil de agradar todo mundo. E quando leio os comentários da galera xingando e ao mesmo tempo amando ela… não tem preço. A gente vibra muito com isso! Rs
Além do LGBT em si, o enredo conta a história do relacionamento entre a Nina e Manuela que é abalado pela Raphaela. Essa situação acontece muitas vezes na vida. O que pensam sobre esta situação?
Eu já vivi um relacionamento poli amoroso e cada dia que passa eu acredito ainda mais que a monogamia é uma grande hipocrisia. Reflete o quanto nós estamos inseridos em uma sociedade sem coerência nenhuma. Eu acho que a gente deixa de viver coisas maravilhosas – em todos os aspectos da nossa vida – pra se enquadrar em padrões. Não é sobre ganhar ou perder, sobre o que é meu e o que é seu. Aliás, se eu me apaixono por alguém, se eu amo alguém… porque a surpresa/raiva/decepção se outro alguém também ama o “meu” alguém? Sim! Que ame! Não é muita prepotência achar que só eu no mundo vou amar aquela pessoa? Se ela é digna do meu amor, ela é digna do amor do mundo todo!
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Espero vocês na segunda temporada, xoxo.