Camila Lordy sobe ao palco do Sesc 24 de Maio, no dia 29 de setembro, às 20h, para o primeiro show presencial de seu álbum autoral “Som Protagonista”. O projeto lítero-musical, lançado de modo remoto, na pandemia, marca a estreia de carreira musical solo da artista, que há mais de 20 anos excursiona pelo Brasil e pelo mundo com músicos e grupos renomados. A iniciativa também é a estreia de Lordy como escritora.
No show, Pedro Ito (percussão), Fi Maróstica (baixo) e Marcelo Monteiro (sax e flauta) acompanham a artista, que ainda recebe as participações especiais de Débora Gurgel (flauta e piano) e a palestina Oula Al-Saghir (vocais).
Para criar uma ambiência que convide o público a uma viagem musical inspirada nas cinco geografias abordadas no projeto ( Índia, Grécia, Turquia, Gana e Brasil), o show entrelaça o repertório do disco com projeções visuais concebidas por Rafael Cerqueira. Como no livro e no disco, a imersão sonora e visual irá conduzir o público por narrativas em que o som é o principal personagem da história. O show também será a oportunidade do público conhecer a versão impressa do livro, de autoria de Lordy, que deu origem ao projeto.
Som Protagonista, contos e lendas do mundo: álbum e livro
Foi em meio à pandemia que a pesquisa da instrumentista e historiadora Camila Lordy, sobre contos, mitos e lendas do mundo relacionados ao som (e ao silêncio) tomou forma.
Som Protagonista, contos e lendas do mundo se materializou em livro digital (e agora impresso), álbum e três clipes durante o período de isolamento social vivido pela artista, que já, há algum tempo, vinha colecionando histórias de diversas culturas onde o som tinha papel fundamental. Camila entendeu ser aquele o momento ideal para organizar e lançar o material, já que propunha na obra uma reverência às diversidades culturais do mundo exterior, mas, antes disso, um mergulho no mundo interior, a partir da lente das culturas retratadas em contos ou lendas.
O processo criativo
O desejo de alimentar a imaginação dos estudantes de música e das pessoas interessadas em cultura a partir de narrativas para pensar e sentir o som, foi o caminho para que o trabalho acontecesse. Os opostos complementares de som e silêncio, caos e ordem, parte e todo, guiaram o processo e o resultado foi o livro com releituras de histórias tradicionais da Índia, Grécia, Turquia, Gana e Brasil e partituras de composições criadas, ao piano, a partir dessas narrativas.
A escrita do livro e as composições das músicas acabaram sendo um processo criativo de mão dupla. As narrativas sugeriam sons e a música criava uma ambiência para o texto que Camila estava produzindo.
O álbum, que é uma co-produção de Camila e Pedro Ito, tem o caráter da multiculturalidade refletido também em sua ficha técnica, com músicos do Brasil (Pedro Ito, Kastrup, Débora Gurgel, Daniel Reginato, Paula Mirhan, Clara Ito, Fi Maróstica); Moçambique (Selma Uamusse e Cheny Wa Gune); Austrália (Idris Aslami) e França (Jean- Luc Thomas). A mixagem é de Gustavo Lenza e a masterização de Ricardo Prado.
Como desdobramento do projeto nasceram ainda os clipes das músicas Aum (realizado e lançado, em dezembro de 2020, por meio do prêmio Edital Prêmio Funarte RespirArte) e os inéditos Tansen e Amoa hi – cada um com uma estética própria, em referência ao capítulo do livro e faixa correspondente.
O projeto é um convite que Camila faz aos interessados por cultura e música, mas, principalmente, aos interessados na experiência humana que se desdobra a partir da intersecção entre o conjunto de elementos presentes em uma tradição e as múltiplas possibilidades sonoras originárias dessa cultura.
Camila Lordy
Nasceu e vive em São Paulo, é formada em Composição e Regência, Faam-FMU, 2000. Fez graduação em História na USP e mestrado na linha de pesquisa em História e Cultura Social pela UNESP, 2021. É pianista, compositora, educadora e pesquisadora. Excursionou com a companhia do Teatro da Vertigem em festivais internacionais – Dinamarca, Colômbia, Rússia e Chile. Como pianista, gravou e participou dos trabalhos de diversos artistas nacionais, Simone Sou, Supla, Junio Barreto (PE), Marina Wisnick, Vanessa Bumagny, Lú Lopes. Com a Banda Glória, realizou uma turnê pela Índia, em 2009. Com Thiago Pethit apresentou-se em Buenos Aires, Lisboa e Paris. Acompanha atualmente o novo projeto solo da cantora Fernanda Takai, com quem realizou turnê no Japão, 2016. Há dez anos faz parte do projeto Música de Brinquedo da banda mineira Pato Fu. Compôs a trilha para o telefilme “A Musa Impassível”, 2011, exibido na TV Cultura, a trilha ao vivo para o filme “O Supersticioso”, IV Jornada Brasileira de Cinema Silencioso na Cinemateca Brasileira, e músicas para os espetáculos “As Roupas do Rei”, 2002, e “Luna Clara e Apolo 11”, 2005, da Companhia de teatro La Leche. Há quatorze anos leciona música na Escola de Música do Auditório Ibirapuera, onde foi orientadora pedagógica até 2021. Desenvolveu o projeto “Som Protagonista, contos e lendas do mundo” a partir das experiências em sala de aula. Suas pesquisas buscam as intersecções entre a linguagem oral, a linguagem letrada e visual. Dedica-se a pensar os encontros entre os sons e as narrativas, a música e a história, os produtos e os processos que fazem da arte o resultado de uma experiência do seu tempo histórico.