Síndrome da fadiga pós-viral
Especialista alerta para o diagnóstico correto da doença
Vencer a Covid-19 não é somente o principal objetivo quando se confirma o diagnóstico positivo para a doença. Passado o período mais crítico, alguns pacientes iniciam outro ciclo que é definir seu possível diagnóstico chamado de Síndrome da Fadiga Pós-viral.
Segundo o médico Rodrigo Mauro, nutrólogo, mais da metade dos pacientes que vão ao seu consultório desenvolve algum dos sintomas relacionados a esta síndrome. “O mais comum é a sonolência pela manhã e o pico da energia à tarde. Uma queixa muito comum tem sido a perda da memória. Normalmente para questões triviais, decisões sérias e importantes, mas a memória de curto prazo, do cotidiano. Outra característica é o paciente que fica muito tempo ou com uma intensidade da fadiga pós-viral ele apresenta uma menor resistência a outras infecções. Então, frequentemente, esse paciente apresenta sinusite, depois da Covid, ou ele tem um outro resfriado”, explica. O especialista ressalta que ainda não teve nenhum paciente com reinfecção da Covid-19 relacionada à Síndrome da Fadiga Pós-viral, mas tem sido frequente eles apresentarem outros tipos de infecções.
Uma questão muito importante é conseguir diagnosticar qual é o quadro do paciente. De acordo com o Dr. Rodrigo algumas vezes o paciente apresenta cansaço depois da virose, o que pode significar alguma sequela pulmonar ou cardiológica. “Eu recomendo aos meus pacientes, com o diagnóstico pós-viral fazer check up cardiológico, respiratório, começando sempre pela avaliação clínica para definir o que o paciente precisa de exames complementares e não fazer todos os exames. Isso pode trazer até confusão no diagnóstico”, reforça.
Definição
Como essa síndrome pode ser confundida com fibromialgia ou depressão, uma das primeiras ações é regular o sono do paciente, principalmente aquela pessoa que apresenta um desequilíbrio neste sentido, dormindo muito tarde e acordando da mesma forma, ou ainda despertando durante a noite. Isso demonstra que haverá uma dificuldade maior, ou até mesmo, como alertou o especialista, não conseguir se recuperar da fadiga pós-viral.
“Para isso é necessário um exame com perfil metabólico, onde será avaliado se há um quadro nutricional compatível com a recuperação e se vai precisar de alguma suplementação, ou em alguns casos, da reposição de hormônios como cortisol ou até hormônios tireoidianos, se ele apresentar disfunção na produção desses hormônios”.
O médico ressalta que o cansaço físico e mental, bem como a falta de energia, são características latentes deste quadro. Segundo ele, em alguns quadros o paciente apresenta letargia, que é uma lentidão de raciocínio, dificuldade em fazer operações matemáticas, tomar decisões e pode evoluir para uma sonolência, que pode ser um quadro mais grave, podendo o paciente manifestar encefalite, que é uma inflamação do sistema nervoso central.
“Isso é extremamente raro, mesmo na Covid. A apresentação comum é a falta de energia, sonolência, principalmente após o almoço e acordar com a sensação de que não se recuperou o suficiente. Isso está relacionado a disfunção adrenal. São as glândulas responsáveis por produzir adaptação ao estresse. Em situações de viroses mais intensas, como é o caso da Covid, esse sistema é exigido ao extremo, principalmente se o paciente precisou usar corticóide, que é um tratamento importante da Covid; não em todos os casos, mas em grande parte deles”, finaliza.